Gurupi Urgente
Da redação
Não resiste a uma análise mais atenta o castelo de areia que o secretário da Apug, José Carlos, construiu em defesa do presidente da entidade, Paulo Henrique, acusado de lesar em R$ 70 mil os cofres da Unirg – Universidade Regional de Gurupi e agir, consciente ou não para falir a entidade
Secretário da Apug mente em defesa do seu presidente
Sentindo-se no dever de justificar o cargo de secretário que ocupa na Apug – Associação dos Professores Universitários de Gurupi, José Carlos de Freitas escreveu para Poderes tentando defender o presidente da entidade, seu colega Paulo Henrique da Costa Mattos.
Ele contesta a reportagem que revela os reais motivos da crise na UnirG – Universidade Regional de Gurupi, publicada na edição 320 do jornal onde, dentre outras irregularidades, o professor Paulo Henrique é acusado de causar um rombo de R$ 70 mil a instituição e contribuir para o total sucateamento da mesma.
A notícia é embasada no relatório feito pela comissão que, por determinação do prefeito Alexandre Abdalla, investigou a situação financeira e administrativa da UnirG. Ela descobriu que o professor Paulo Henrique recebe salário sem trabalhar e que ele fazia curso em Goiânia quando deveria estar em Gurupi, ministrando aulas.
Para defender o amigo Paulo Henrique, tentar desmentir a matéria e desacreditar o jornal, o secretário lança mão de artifícios legais que não resistem a uma análise mais profunda. Alega, por exemplo, que o presidente da Apug teria direito a ajuda de custo para fazer cursos em Goiânia e cita a Lei Municipal número 1775/2008 (Plano de Carreira e Salários), que lhe garantiria esse benefício.
De propósito, José Carlos omite o artigo 101 da lei, que só garante esse direito para o professor com mais de cinco anos de concursado, o que não é o caso de Paulo Henrique. O professor prestou concurso em 2006 – e não em 2004, como diz José Carlos. Portanto, só poderia usufruir do benefício agora, em 2011.
A contestação do secretário da Apug só tem um objetivo: confundir a população gurupiense para deixar a UnirG continuar sendo dilapidada pelo grupo político do presidente Paulo Henrique. Grupo esse que José Carlos faz parte e é nessa condição que tenta desmentir a matéria de Poderes. Não há como; a reportagem é alicerçada em fatos, e fatos não cabem retratação.
Greve condenada pela Justiça
Na retórica do secretário da Apug, os gastos com a folha de pagamento, publicada por Poderes, seria surreal. Mentira do secretário. A folha saltou sim, de R$ 1.970.671,87 para 2.747.710,26 com o aumento de 7,5%, e consome mais de 60% da receita da instituição, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF.
José Carlos tenta confundir a população, enviando para o jornal Valores que se referem apenas a folha líquida. Novamente de propósito, ele omite os gastos com os custos sociais e são exatamente esses que oneram a folha de pagamento, ao ponto de impossibilitar qualquer reajuste salarial.
A majoração da folha de pagamento da UnirG é fato público e notório no Estado, assim como é fato também que o presidente da Apug usou do status do cargo para receber salário sem trabalhar – privilégio que estendeu aos apaniguados –, e embolsar ajuda de custo sem ter direito a ele. Por isso também Paulo Henrique é investigado pelo Ministério Público.
A comissão constatou que a greve foi puramente política, orquestrada por Paulo Henrique, para conseguir mais aumento salarial acima da LRF. Quando diz que Poderes mente, por tabela o secretário da Apug taxa de mentiroso o Poder Judiciário. Foi a Justiça que suspendeu a greve por considerá-la ilegal.
Jornalismo é pra incomodar
Poderes não escreve estória, divulga histórias e a reportagem contestada pelo secretário da Apug não é mera invenção de jornalista. Trata-se da divulgação de um relatório oficial, resultado do trabalho sério, e indispensável, da comissão que apurou as irregularidades na UnirG.
O jornal não irá cansar o leitor respondendo ao secretário José Carlos as colocações negativas que ele faz contra a liberdade de expressão que norteia a linha editorial de Poderes. Seria perda de tempo e de espaço.
Se fosse para defender os interesses da população gurupiense, a redação gastaria até uma página respondendo as “ofensas” do secretário da Apug, mas o que realmente importa é esclarecer o povo de Gurupi sobre a situação da UnirG.
Se para levar os fatos a sociedade foi preciso divulgar que o presidente da Apug meteu a mão nos cofres da instituição, fez-se funcionário fantasma remunerado e acabou nas malhas do MP, paciência! O jornalismo de Poderes é para incomodar, e incomodando, ajuda a mudar a dura realidade da UnirG.
Poderes não agiria correto com o leitor se desviasse o foco principal da reportagem – divulgar a real situação da UnirG –, para fomentar querelas com o secretário José Carlos.
Até porque, além de seguir a máxima de Thomas Jefferson, o jornal é adepto da liberdade de expressão, assim como foi Voltaire, autor da famosa frase: “Posso não concordar com nada do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo!”